A propósito de…vendedores natos
Ainda que no século XX, a ideia de um “vendedor nato”, passasse por uma imagem mais próxima de “vendilhão”, o tipo que consegue fechar negócio, mesmo quando não tem produto, eu sempre achei que isso tinha os dias contados.
Enquanto profissional, os meus primeiros anos foram do lado da compra, não tanto da venda.
Os vendedores que tinham excesso de comunicação e uma ansiedade grande por fechar um negócio, raramente me tinham por perto a comprar, durante muito tempo. Talvez por isso, o que mais aprecio nos bons vendedores sejam coisas simples:
– A capacidade de ouvir e entender a necessidade do cliente, antes de fazer o push de algo de que o cliente não necessita.
– O equilíbrio entre querer ganhar tudo à primeira e estabelecer uma relação duradoura.
– Uma relação transparente, em que se conhece bem o que se está a vender e os limites do produto.
– Nunca dizer mal da concorrência, especialmente da boa concorrência.
Depois há também o mito de que “tu não és um vendedor”, como se a capacidade de vender apenas nascesse com as pessoas, qual manifestação de vontade divina. Nasce-se “vendedor”, como se nasce “português”?
Como me disse um chefe uma vez: “Eu não sei pintar quadros, mas se a minha vida dependesse disso, pintava-os e vendia-os”.