A função que somos

Há dias soube da perda de uma pessoa que prezava, sempre presente quando mais necessitei e que terminou de forma triste e injusta.

Levamos uma vida activa. Adquirimos estatuto. Convidam-nos para isto e aquilo.

Depois, tudo desaparece, quando deixamos de ser o Sr. “X” da empresa “Y”. Não éramos nós. Era a nossa função. O footnote do nosso cartão de visita.

Por isso, não vale a pena fazer o culto da nossa personalidade. O estatuto que pensamos ter não é nosso. Foi-nos emprestado. Um dia terá que ser devolvido.

Vale a pena é tentar fazer algo pelos outros, sem nenhum interesse especial nisso. Pelo gozo que dá. Alguns não se esquecerão de nós e talvez seja este o único estatuto não efémero.

Afastando a comoção que o episódio trouxe, a racionalidade que retiro é a de que os “outros”, na nossa empresa, são os stakeholders clássicos:

– Pensar no problema do cliente como se fosse o nosso problema. Dar-lhe solução, em vez de “impigir” o que me interessa.
– Valorizar a confiança do acionista. Usar o dinheiro dele como se o tivesse conquistado a custo, não como se mo tivessem oferecido.
– Desenvolver as pessoas, para que trabalhem com a cabeça e com o coração.
– Tratar os fornecedores com ética e isenção. Um dia ajudar-nos-ão.

Mr. “X” obrigado. Não te esquecerei.